Mitologia Grega – A história de Tântalo

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Você já teve a sensação de que alguma coisa que você quer muito está tão perto e ao mesmo tempo tão longe?

Um certo rei da Grécia antiga conheceu muito bem esse tormento. O nome desse rei era Tântalo, Filho de Zeus com uma humana.

Tântalo tinha três filhos: o bravo Dascilo, a orgulhosa Níobe e o belo Pélope. Reinava sobre a região da Lídia, terra de clima ameno, sol brilhante e brisa suave, banhada pelo mar mediterrâneo.

O luxuosíssimo palácio de Tântalo era amplo e reluzente. E as imensas lavouras do rei, onde trabalhavam inumeráveis escravos, davam sempre boa safra, por causa da benção que vinha dos deuses. Por ser filho de Zeus, Tântalo era sempre bem-vindo nos banquetes que se faziam no Monte Olimpo.

O próprio Apolo ia buscar o rei no seu carro do Sol. Os dois subiam pelas alturas furando as nuvens e iam pousar lá encima, no topo do Olimpo, onde ficava o palácio dourado dos deuses, edificado em altas colunas, ainda mais magnífico que o palacio que Tântalo tinha na terra.

Tântalo comia e bebia com os deuses como se fosse um deles. Desfrutava do néctar divino e da ambrosia, cantava e dançava por horas. A proximidade demasiada com os deuses, no entanto, surtiu um efeito curioso na cabeça de Tântalo. De tanto ser tratado como igual, Tântalo começou a duvidar do poder e da superioridade dos deuses, e resolveu tirar a prova. Resolveu convidar os deuses para um banquete no seu palácio. Horas antes do jantar, deu a notícia a seu filho Pélope.

– Pélope, meu filho, hoje você terá o prazer de estar á mesa junto com os deuses.

Pélope ficou todo animado com a notícia e foi vestir seu melhor manto.

Quando o filho deu as costas, Tântalo chamou o cozinheiro e disse:

– Vá atrás de Pélope. Mate-o e faça um assado magnífico com ele, que hoje vamos testar essa tal de onisciência dos deuses.

O cozinheiro hesitou por um pequeno instante, diante da ordem tão chocante, mas logo executou o que lhe foi pedido.

Na hora do jantar, os deuses se sentaram e a carne de Pélope foi posta sobre a longa mesa. Imediatamente, os deuses perceberam o crime e começaram a se remexer nas cadeiras, olhando atentamente pra Zeus, o maior entre os deuses, ansiosos para saber sua reação.

A única que não se deu conta do que estava acontecendo foi a deusa Deméter, pois estava abalada pelo rapto de sua filha, e em sua distração, comeu um pedaço do ombro de Pélope. No entanto, ao perceber o desastre, largou a carne do garoto de uma vez.

Zeus, furioso, disse com sua voz de trovão:

-Estúpido mortal! Maldito sejas pelo que fizeste! Falhaste conosco por duas vezes: A primeira ao tentar nos enganar, fazendo-nos achar que o assado se tratava de carne de animal, quando na realidade é o seu próprio filho que estás a nos oferecer. Tolo, acaso não sabes que a nós pertence a total verdade sobre as coisas? A segunda falha foi por se achar no direito de decidir sobre a vida e a morte de alguém. Isso cabe apenas a nós e às moiras.

Atenas e Ares se levantaram indignados, exigindo justiça.

Zeus voltou a falar:

– Por suas duas transgressões, receberá duas punições. Por tentar nos enganar, sentirá sede em frente à água, sem nunca poder bebê-la. E por querer decidir sobre o que não lhe diz respeito, sentirá fome em frente ao alimento, sem nunca poder comê-lo. E destes tormentos sofrerás por toda a eternidade.

Hades, o rei do submundo, se dispôs a preparar um local para Tântalo no fundo dos infernos, onde a pena seria executada. Hades, então, envolveu Tântalo com sua presença etérea, cobrindo-o completamente com seus mantos negros e os dois desapareceram.

Afrodite e Dionísio pediram a Zeus que ressuscitasse o belo rapaz. Zeus, então, disse a Hermes, o deus mensageiro:

– Hermes, vá até o reduto das moiras e recupere o fio da vida de Pélope que foi cortado. Depois, traga-o aqui para que possamos reatá-lo.

Hermes correu rápido como uma flecha, cruzando florestas, pulando por sobre as montanhas e andando sobre as águas de lagos e mares. Em minutos, estava de volta com as duas metades do fio de Pélope. Zeus juntou os dois fios e os tornou um novamente.

Apolo tornou o fio de Pélope tão dourado e tão resistente quanto as linhas de sua arpa.

Hefesto ficou encarregado de restaurar o corpo de Pélope. Porém, o ombro do jovem havia sido comido por Deméter.

A solução dada por Hefesto foi fazer-lhe um ombro de marfim. Para completar o serviço, Afrodite concedeu ao rapaz uma beleza ainda maior que a que ele possuía antes. O rapaz recém-ressuscitado tornou-se tão belo, que Poseidon se sentiu atraído por ele e o levou para o Olimpo, para fazer dele seu aprendiz.

A partir daquele dia, Tântalo passou a sofrer sua condenação no Tártaro. Foi mandado para um local à beira de um lago de água fresca. À beira do lado, existiam muitas árvores frutíferas. No entanto, ao tentar beber a água do lago, o líquido escorria e fugia dele, como se fosse repelido pela sua boca.

E ao tentar colher uma fruta das árvores, o vento suspendia os galhos e tirava os frutos do seu alcance. E assim ele permanece até hoje, com fome e sede eternas.

Quanto a Pélope, tornou-se rei do Peloponeso e foi feliz até que uma maldição foi lançada sobre a sua descendência. Mas essa é outra história…

Adaptação escrita por Marcos Donato (Filosofia – UFMG)

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