Mito Indígena – O Surgimento da noite

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Resultado de imagem para c̫coFonte: As 100 melhores lendas do folclore brasileiro РA. S. Franchini.
Algumas tribos amazônicas creem que no começo dos tempos só havia dia.
Era sol de manhã, sol de tarde e sol de noite, e só quando as nuvens apareciam é
que se tinha um descanso para tanta luz e calor.
Mas mesmo sem sol, continuava sempre dia. É que a noite, diziam eles,
estava adormecida no fundo do rio Amazonas, e até ali ninguém se animara a
despertá-la.
Naqueles dias, a Cobra-Grande, um dos personagens mais importantes do
folclore amazônico, não só vivia à solta por aí como também tinha uma linda
filha.
O esposo dessa jovem andava muito chateado, pois ela não queria dormir
com ele de jeito nenhum. A desculpa da esposa era sempre a mesma:
– Deitar por que, se ainda não é noite?
O pobre tentava argumentar, dizendo que não seria nunca noite, mas não
tinha jeito.
– Só deito quando anoitecer – teimava ela.
– Mas e quem vai despertar a noite do fundo das águas?
– Minha mãe sabe o segredo. Mande alguém até lá buscar um coco de
tucumã.
No mesmo instante, o marido mandou três serviçais até lá.
Apesar de mortos de medo – pois não há índio que não se arrepie ao
escutar o nome dessa entidade –, os serviçais foram até a Cobra-Grande e
relataram-lhe o pedido da filha.
– Não o abram em circunstância alguma! – sibilou a serpente, entregando
o coco aos três.
O coco fora selado com uma cobertura de breu, a fim de evitar a tentação
da curiosidade.
Os emissários retornaram pelo rio na mesma canoa em que haviam
partido. Durante o trajeto, o coco começou a vibrar, e um som baixinho, ao
mesmo tempo rouco e fininho, escapou da sua casca lacrada.
– O que será isto? – disse um dos três índios, colando a orelha ao coco.
– O que não é para ser visto! – disse o timoneiro, arrancando o coco do
curioso. Mas o terceiro também estava curioso e, tomando o coco, colou nele a
orelha.–
Tem um monte de coisas aqui dentro! – disse ele.
– Talvez sejam joias! – disse o primeiro.
Ao escutar essas palavras, o timoneiro também acabou por render-se à
curiosidade.
– Está bem, vamos parar a canoa e ver o que há aqui dentro!
A canoa parou bem no meio do rio, e eles acenderam uma fogueirinha
para enxergar melhor. Como sempre acontece, o que mais discursara contra a
desobediência revelava-se agora o mais impaciente por praticá-la.
– Vamos, quebre de uma vez essa porcaria! – disse o timoneiro, de olhos
arregalados.
– Não!… Vamos retirar apenas o breu! – disse outro, mais cauteloso.
Com uma mecha do fogo eles derreteram, então, a cobertura e finalmente
abriram o coco.
De repente, uma nuvem negra escapou de dentro e envolveu a canoa e o
rio e o mundo todo enquanto os índios cobriam as cabeças, abaixados. Ao mesmo
tempo, milhares de sapos e grilos pularam para fora do coco e se espalharam
mundo afora, dando à noite a sua inconfundível trilha sonora.
A noite se espalhara por tudo, indo alcançar a casa onde morava a filha da
Cobra-Grande e seu esposo.
– Veja, meu marido! – disse ela. – Algo aconteceu!
Mas ele não podia ver nada, sequer a sua amada esposa.
– Se não posso vê-la durante a noite, então jamais teremos a noite! – disse
ele, enfurecido.
Então, ele fez menção de agarrá-la, mesmo sem vê-la.
– Não, espere! – gritou ela. – Agora teremos de esperar o dia!
O marido caiu da rede, de desgosto.
– E haverá dia, outra vez? – disse ele, desolado.
– Sim, ele não tardará – afirmou a jovem, confiante.
E assim foi. Logo, uma luzinha despontou na escuridão dos céus.
– Veja, a estrela d’alva! – disse ela, apontando a estrela que anuncia o dia.
– Agora vou separar a noite do dia, de tal sorte que teremos as duas coisas,
alternadamente.
Com o surgimento da noite, havia ocorrido uma série de metamorfoses na
natureza. Bichos e aves de toda espécie haviam surgido, e quando ela olhou para
o marido viu que também ele havia sofrido uma mudança.
– Meu adorado! – gritou ela, radiante. – Que cujubi lindo você está!
O pobre marido havia se transformado numa galinha preta de penas
esverdeadas.
– Que besteira é esta? – disse ele ao acordar, agitando as asas e falando já
pelo bico.
– Oh, que maravilha! – disse ela. – A partir de agora, sempre que o dia
nascer, você cantará para mim e me despertará de uma noite deliciosa de sono!
A jovem parecia mesmo feliz. Pena que o marido não parecesse tão
animado com a mudança.
– Quer dizer que vou ser esta ave horrorosa o resto da vida?
– Horrorosa?! – exclamou a jovem, ofendida. – Oh, Mãe-d’Água! Sempre
reclamando!
Neste momento, os três emissários desastrados reapareceram.
Imediatamente, o marido pulou na direção deles. Mas parou ao ver que os três
emissários também estavam com os corpos cobertos de pelos negros.
A jovem começou a rir desbragadamente assim que a luz da aurora lhe
permitiu ver melhor no que os três imprudentes haviam sido convertidos: três
macacos de dentes arreganhados.
– Muito bem, toleirões, aí está o prêmio da sua imprudência! – disse o
marido, sentindo-se muito bem vingado. – Doravante irão pular de galho em
galho, de dia e de noite!
Os três macacos deram de ombros, arreganharam os dentes outra vez e
saíram pulando para dentro da selva. Suas bocas estavam pretas e tinham marcas
amarelas nos braços, um resquício do breu ardente que espirrara sobre eles
quando arrombaram o coco no meio do rio.

Contos de Mitologia no Colégio Tiradentes da Policia Militar – Contagem

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No dia 18 de abril de 2018, o Projeto Contos de Mitologia, do projeto Letras e textos em ação, visitou o Colégio Tiradentes da Policia Militar, em Contagem. A visita foi feita em duas apresentações, a primeira no turno da manhã, atendendo 230 alunos com idade entre 8 e 11 anos. Neste turno estavam presentes os contadores Anderson Ferreira e Rainy Campos. No turno da tarde, os bolsistas Gefter Rayan, Kelly Cristina Spínola, Kamilla Oliveira e Eduardo Iunes atenderam 150 alunos, com idades entre 5 e 7 anos. O tema das contações foi mitologia grega.

Quer o projeto Contos de Mitologia na sua escola? Escreva para contosdemitologia@yahoo.com.br , a apresentação é gratuita!

Contosa de Mitologia na Escola Municipal Jacinta Enéas Orzil – Santa Luzia

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No dia 17 de abril de 2018, o Projeto Contos de Mitologia, do projeto Letras e textos em ação, visitou a escola Escola Municipal Jacinta Enéas Orzil, em Santa Luzia. Estava presente a contadora Renata Paz, bolsista do projeto e estudante de Teatro na UFMG. Foram atendidos cerca de 200 alunos , com idades de 07 a 11 anos. O tema da contação foi Mitologia Indígena brasileira.

 

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Contos de Mitologia na Escola Estadual Maria Josefina Sales Wardi – Nova Lima

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No dia 13 de abril de 2018, o Projeto Contos de Mitologia, do projeto Letras e textos em ação, visitou a Escola Estadual Maria Josefina Sales Wardi, em Nova Lima. Estavam presentes os bolsistas do projeto: Anderson Ferreira (Teatro-UFMG) , Matheus Carvalho (Letras-UFMG) e Kelly Cristina Spínola (Teatro-UFMG). Foram contadas histórias de mitologias indígenas brasileiras e africanas. Foram atendidos cerca de 100 alunos, com idade entre 14 e 16 anos.

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Contos de Mitologia se apresenta no CCBB – BH

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Neste último sábado, dia 25 de novembro, o Projeto Contos de Mitologia, do Programa Letras e Textos em Ação, se apresentou no “Em cantos e contos”, evento que entrega a programação do “CCBB Educativo”.

Participaram da apresentação as bolsistas Elisa Souza (Teatro-UFMG), Kelly Cristina Spínola (Teatro-UFMG), Rainy Campos (Teatro-UFMG) e o bolsista Marcos Donato (Filosofia – UFMG), contando histórias de mitologias africanas, com destaque para a Mitologia Yorubá.

Foram contadas as seguintes histórias:

  1. A criação do mundo – Rainy Campos
  2. Oligbare se torna o Orixá Okô – Marcos Donato
  3. Obaluaê Omolu – Kelly Cristina Spínola
  4. Iemanjá – Elisa Souza
  5. Ia Mi Oxorongá – Marcos Donato
  6. A árvore Omungo Robonga – Elisa Souza
  7. A história de Ogum – Rainy Campos

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Contos de Mitologia na Escola Estadual Ruy Pimenta – Contagem

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Gefter Rayan contando a história de Oxum e Oxóssi para os alunos do turno da manhã.

Nesta quarta-feira, dia 22 de novembro de 2017, o Projeto Contos de Mitologia, do programa Letras e Textos em Ação, fez parte das comemorações da Semana da Consciência Negra da Escola Estadual Ruy Pimenta, em Contagem.

Os bolsistas do projeto contaram histórias de mitologias africanas para os alunos de ensino médio dos turnos da manhã e da tarde, atingindo um total de aproximadamente 852 jovens. Os contadores: Gefter Rayan (Teatro – UFMG), Eduardo Iunes (Teatro – UFMG), Elisa Souza (Teatro – UFMG) e Marcos Donato (Filosofia – UFMG).

Eduardo Iunes contou a história “Oligbare se torna o Orixá Okô”, Gefter Rayan contou a história de “Oxum e Oxóssi”, Elisa Souza contou um conto de Iemanjá e Marcos Donato contou “Van Hunks encontra o Diabo”, “Ia Mi Oxorongá” e “Ossain se alia a Orunmilá”.

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Contos de Mitologia no II Festival Iranti de Arte e Cultura Negra da Assufemg

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Foto: Divulgação do evento

Nesta Segunda -feira, dia 13 de Novembro, o Projeto Contos de Mitologia, do Programa Letras e Textos em Ação, abriu o II Festival Iranti de Arte e Cultura Negra da Assufemg. Os contadores participantes foram Gefter Rayan, que contou a história de Oxum e Oxóssi e a história de Exu, Eduardo Iunes, que contou “Oligbare se torna o orixá Okô” e Marcos Donato, que contou “Van Hunks encontra o Diabo” e a história das “Ia Mi Oxorongá”.

Na página do evento, foi publicado:

“A primeira atração do II Festival Iranti de Cultura e Arte Negra não poderia ter sido melhor. O grupo Contos da Mitologia da Fale entrou em cena às 12h na Cantina Pelego’s, entretendo o almoço do público. Três atores contaram histórias dos mitos africanos e prenderam a atenção de quem estava no local.”

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Contos de Mitologia no FAN-BH 2017

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O projeto Contos de Mitologia se apresentou neste domingo (22/10/2017) no Festival de Arte Negra de Belo Horizonte (FAN-BH). Reunidos no Foyer do Teatro Francisco Nunes, no Marque Munipal, os bolsistas do projeto contaram histórias de mitologias Africanas para crianças e adultos.

Segue a ordem das histórias que foram apresentadas e seus respectivos contadores:

Exú – Gefter Rayan (Teatro UFMG)
Oligbare se transforma no Orixá Okô – Marcos Donato (Filosofia UFMG)
Iemanjá – Elisa Souza (Teatro UFMG)
O espírito do grande Baobá – Kamilla Oliveira (Teatro UFMG)
Princesa Abena – Fabiana Brasil (Letras UFMG)
Ibejís – Anderson Ferreira (Teatro UFMG)
Ogum – Rainy Campos

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Mitologia Africana e dinâmica corporal no terceiro dia da Oficina para Professores

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africana

No dia 06/10/2017, o Projeto Contos de Mitologia, do programa Letras e Textos em Ação, deu prosseguimento à VIII Oficina de Contação de Histórias para Professores. A oficina busca promover o contato de professores da rede pública de ensino com a contação de histórias e com os diferentes tipos de mitologia estudados pelo projeto, tal como suas significações.

No terceiro dia de oficina, tratou-se de diferentes aspectos da cultura africana, com mais enfoque sobre a cultura do povo Iorubá.

Com todos dispostos em roda, a  oficina começou com a prática de algumas brincadeiras e músicas africanas. Num segundo momento, para iniciar o estudo teórico, exibimos um trecho do video abaixo, uma palestra do griot Sotigui Kouyaté.

Dando prosseguimento, tratamos de um conceito importante para a contação de histórias: “O começo do começo”, ou seja, as maneiras de introduzir uma história antes começar a contá-la. O começo do começo pode ser uma música, uma pergunta para a platéia ou uma reflexão pessoal, entre outras coisas.

Com os conceitos aprendidos na oficina, os alunos-professores foram desafiados a montar o seu próprio começo do começo para uma história pré-estabelecida. Depois, em duplas, eles se prepararam e apresentaram a história completa.

A bolsista do projeto, Rainy Campos (Teatro – UFMG), encerrou a oficina contando a história de Ogum.

Quer o projeto Contos de Mitologia na sua escola? Escreva para contosdemitologia@yahoo.com.br , as apresentações e as oficinas são gratuitas!

 

Mitologia Iorubá – OGUM

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ogum

Extraído de “Lendas Africanas dos Orixás”, de Pierre Verger

Ogum Yêêê !
Ogum era o mais velho e o mais combativo dos filhos de Odudua,
o conquistador e rei de Ifé.
Por isto, tornou-se o regente do reino quando Odudua,
momentaneamente, perdeu a visão.
Ogum era guerreiro sanguinário e

“Ogum, o valente guerreiro.
o homem louco dos músculos de aço!
Ogum, que tendo água em casa.
lava-se com sangue!”
Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos.
Ele trazia sempre um rico espólio de suas expedições,
além de numerosos escravos.
Todos estes bens conquistados, ele entregava a odudua, seu pai, rei de Ifé.

“Ogum o violento guerreiro,
o homem louco, dos músculos de aço.
Ogum, que tendo áglua em casa,
lava-se com sangue!”

Ogum teve muitas aventuras galantes.
Ele conheceu uma senhora, chamada Elefunlosunlori-
“aquela-que-pinta-a-cabeça-com-pó-branco-e-vemelho. ”
Era a mulher de Orixá Okô, o deus da Agricultura.
De outra feita, indo para a guerra, Ogum encontrou, à margem de um riacho,
uma outra mulher, chamada Ojâ, e com ela teve o filho Oxóssi.
Teve, também, três outras mulheres que tornaram-se, depois, mulheres de Xangô.

Kawo Kabieyesi Alafín Oyó Alayeluwa!
Saudemos o Rei Xangô, o dono do palácio de oyó, senhor do Mundo!”

A primeira, Iansã, era bela e fascinante;
a segunda, Oxum, era coquete e vaidosa;
a terceira, Obá, era vigorosa e invencível na luta.
Ogum continuou suas guerras.
Durante uma delas, ele tomou Irê.
Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias.
Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê Irê –
“Ogum das sete partes de Irê”
Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho,
conservando para si o título de Rei.
Ele é saudado como Ogum Onirê! “Ogum Rei de Irê!”
Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, “akorô”.
Daí ser chamado, também, de Ogum Alokorô – “Ogum dono da pequena coroa”
Após instalar seu filho no trono de Irê,
Ogum voltou a guerrear por muitos anos.
Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar.
Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia,
na qual todo mundo devia guardar silêncio completo.
Ogum tinha fome e sede.
Ele viu as jarras de vinho de palma,
mas não sabia que elas estavam vazias.
O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo.
Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se.
Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas.
A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum
e ofereceu-lhe seus pratos prediletos:
caracóis e feijão, regados com dendê;
tudo acompanhado de muito vinho de palma.

“Ogum, violento guerreiro,
o homem louco dos músculos de aço.
Ogum, que tendo água em casa,
lava-e com sangue!”

“Os prazeres de Ogum são o combate e as brigas.
O terrível orixá, que morde a si mesmo sem dó!
Ogum mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro.
Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!”

Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência,
e disse que já vivera bastante,
que viera agora o tempo de repousar.
Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra.
Ogum tornara-se um orixá.